Quando nos solidarizamos com Hachikō ou nos preocupamos com os 101 Dálmatas, os animais de filmes homônimos, parece-nos que esses cães são pets ideais para a família. Pensamos: “Eu quero que meu filho tenha um amigo assim”. No entanto, encantado com aquele focinho fofo, depois de um ano você pode descobrir, por exemplo, que apenas um adulto pode passear com um cachorro assim ou que não pode deixá-lo sozinho com uma criança por um minuto. Algumas raças, que costumamos considerar muito ternas, são capazes de surpresas desagradáveis para seus donos.
O Maisvibes apresenta o outro lado de alguns dos favoritos da Internet. E se você encontrar nesta lista um cão que decidiu adquirir para seu filho, é melhor pensar duas vezes para não se arrepender depois. Claro, há exemplos dessas raças que se adaptaram bem a famílias com crianças, mas estamos nos referindo ao contexto comum, lembrando que qualquer cão pode ser treinado, mas alguns exigem muito mais esforço.
Akita Inu
Conhecemos as carinhas sorridentes desses cães no filme Sempre Ao Seu Lado e os memes da Internet. No entanto, na vida cotidiana o Akita Inu não é tão inofensivo. Primeiro, eles desconfiam de estranhos e, principalmente, não gostam dos filhos de outras pessoas. Em segundo lugar, os cães adultos desta raça geralmente são agressivos com outros animais, especialmente com seus parentes, aos quais podem atacar sem aviso prévio, independentemente da diferença de tamanho. Você deixaria seu filho andar com um bichinho assim?
Classificação na pontuação de habilidades de adestramento*: 104 (de 138)
Dálmata
O filme dos 101 Dálmatas fez uma boa publicidade para esta bela raça, mas algo na produção foi muito embelezado. Os dálmatas são cães grandes, muito fortes e hiperativos. Mesmo estando com um cão socializado que é usado para a atenção das crianças, você terá que monitorar de perto sua comunicação com elas, e não deixá-las sozinhas por um minuto. Além disso, os dálmatas precisam de treinamento sério (ao qual não respondem bem) para que não cresçam incontroláveis.
Classificação na pontuação de habilidades de adestramento*: 62 (de 138).
Pinscher miniatura
O pinscher miniatura é um cão muito amoroso e fiel. No entanto, você deve lembrar que ele tem uma natureza muito sensível: numa família com crianças barulhentas e ativas, haverá dificuldades. Um cão nervoso ficará com medo rapidamente, e isso pode provocar sua agressividade. Além disso, esses filhotes são famosos por sua fragilidade: você não pode sacudi-los, apertá-los ou soltá-los, mesmo de uma altura pequena. Os criadores geralmente recomendam esses cães para meninas, mulheres mais velhas ou famílias com crianças mais crescidas.
Doberman
Os dobermans são muitas vezes considerados uma opção para famílias com crianças, pois são ótimos guardas com excelentes habilidades de treinamento. Isso é parcialmente verdade: esses cães têm um forte instinto para proteger os filhotes. No entanto, essa qualidade é acompanhada por um desejo igualmente poderoso de dominação. Será preciso muito esforço e treinamento para o cão lembrar que as crianças precisam não apenas ser protegidas, mas também respeitadas. Além disso, você deve escolher um filhote com muito cuidado: essa raça (junto com os bull terriers e outros “cães assassinos”) sofreu muito pela criação pouco conscienciosa.
Classificação na pontuação de habilidades de adestramento*: 5 (de 138).
Husky siberiano
Se você quer ter um husky siberiano, considere que terá outro filho: desobediente, enérgico e que exigirá muita atenção e muitas horas de treinamento e caminhadas. Essa raça é, na verdade, completamente desprovida de agressividade em relação aos humanos, mas isso não significa que possa tranquilamente ser deixada com as crianças. O husky siberiano é um cão grande, forte e muito brincalhão, você deve ensinar a expressão correta das emoções (para que, por exemplo, não pule na criança e a jogue no chão). É melhor não ter esta raça numa família com filhos pequenos ou como uma primeira experiência, e se você decidiu tê-lo de qualquer maneira, certifique-se de ensinar a todos como interagir com segurança.
Classificação na pontuação de habilidades de adestramento*: 77 (de 138).
Basenji
O segundo nome deste focinho astuto é “cão africano que não late”. À primeira vista, este é um animal de estimação ideal: quase não cheira, não faz barulho e é bonito de se ver. A outra face desta raça é sua curiosidade irreprimível, seu alto intelecto e, como resultado, uma tendência à desobediência. Na classificação de habilidades de criação, o basenji ocupa o honroso penúltimo lugar. Os especialistas caninos dizem que esse cão sabe perfeitamente todos os comandos, mas sempre decide se quer cumpri-los. Além disso, eles são muito bons na arte da fuga, nem mesmo as cercas os detêm, eles as vencem magistralmente. Vale a pena decidir com antecedência se você pode prestar tanta atenção a um animal de estimação, tendo uma criança pequena em casa.
Classificação na pontuação de habilidades de adestramento*: 137 (de 138).
Pastor da Ásia Central
O pastor da Ásia Central parece um urso branco de pelúcia. É um cão muito grande e forte, um excelente protetor, mas propenso à dominação. Essa raça viverá com crianças e exigirá um curso de adestramento canino completo com uma hierarquia clara. Além disso, esses cães costumam ser lentos na execução de ordens: se um cachorro, por exemplo, derrubou uma criança, é possível que não responda imediatamente a um grito. Portanto, se você tem pouca experiência, mas decidiu firmemente ter um “urso”, é melhor pensar em um Terra-Nova ou um São Bernardo.
Chihuahua
O chihuahua é considerado a menor raça. Normalmente, estes cães estão perfeitamente conscientes do seu pequeno tamanho e desconfiados das crianças. Não é uma raça muito adequada para uma criança pequena, porque pode ser percebido como um brinquedo em vez de um ser vivo. Além disso, muitos cães desta raça são semelhantes aos filhos: eles se apegam a um único dono e ficam muito ciumentos quando alguém parece distrair sua atenção. Se um chihuahua não for bem-educado, as mordidas não tardarão e seus dentes, embora pequenos, são muito afiados.
Classificação na pontuação de habilidades de adestramento*: 125 (de 138).
Pequinês
A característica mais surpreendente de qualquer pequinês é a autoconfiança e a sensação de ser o centro do universo. É por isso que muitos cães desta raça não gostam de crianças que fazem barulho, colocam as mãos na direção deles e tentam abraçá-los ou apertá-los. Um pequinês não tolerará tal tratamento e, se não se mantiver ocupado o bastante com seu adestramento, ele não terá vergonha de usar os dentes. Talvez você tenha sorte e seu filhote seja diferente. Mas se quer ter um cachorro que adora crianças, é melhor descartar essa opção.
Classificação na pontuação de habilidades de adestramento*: 132 (de 138).
Corgi
Dizem que um corgi é um pequeno pastor que se considera grande. Qualquer criador decente deve avisá-lo que este cão não é adequado para crianças e pessoas com um coração mole, propenso a mimar um pet. Não seria estranho ver a agressão em um jovem corgi que rapidamente consegue sentir os limites e entender que tudo é possível para ele (já que ele é tão fofo). Especialmente em cães machos. Corrigir tais desvios leva muito tempo e é difícil. Você também deve ter em mente que os corgis são cães pastores, então geralmente têm o hábito de reunir as crianças onde elas precisam estar, mordiscando seus pés. Este animal pode facilmente assustá-las.
Classificação na pontuação de habilidades de adestramento*: 11 (de 138).
Você teve um cachorro em sua infância? Compartilhe sua experiência. No final das contas, o comportamento de um cão de uma família, de qualquer raça, depende principalmente do proprietário.
* A classificação dos cães nas habilidades de adestramento mostra como é fácil para uma ou outra raça aprender novos comandos e quantas repetições são necessárias para consolidá-los. Permite avaliar a capacidade de obediência e adestramento.
Bônus
10 Atitudes superprotetoras que podem prejudicar seu filho
1. “Se meu filho se sujar antes dos convidados chegarem, troco de roupa rapidamente”
Fazer isso não significa querer ter um filho sempre impecável, mas indica um desejo muito grande de ser uma mãe perfeita. Os pensamentos e as ações aparecem como uma vontade muito forte de que todos percebam a maternidade como ideal e a família como um espaço cheio de harmonia. Lembre-se de que as pessoas não ficam pensando nessas coisas o tempo todo; elas apenas querem o seu bem.
2. “Se algo não dá certo, eu sempre ajudo”
Muitas famílias acham que todas as crianças devem saber fazer as mesmas coisas. Em geral, essas pessoas esquecem que cada um tem um tipo de desenvolvimento e pensam que se o filho de outra pessoa fez determinada coisa, o seu também fará. Se isso não acontece, começa a briga.
Este comportamento pode prejudicar o rendimento. Compreender que nem todo mundo entende os conceitos da mesma maneira vai ajudar no desenvolvimento do seu filho. É importante olhar para o desenvolvimento de uma criança não como uma norma geral, mas como algo único.
3. “Quando meu filho tem tempo livre, faço o possível para ocupá-lo”
A sua paz depende da presença do seu filho. Você acha que nenhuma outra pessoa do mundo que não seja você pode cuidar dele. Essas crianças costumam fazer muitas aulas e atividades fora da escola. Em geral, não têm nem um minuto livre, além de não terem independência ou interesses próprios. Quando crescem, não conseguem decidir o que querem fazer e levam essa tensão para a vida, sempre encarando tudo como uma grande responsabilidade pessoal.
4. “Quando meu filho vai sair com os amigos, penso em cada detalhe”
Quando as crianças crescem elas fazem novos amigos. Quando todos eles decidem ir a um shopping, por exemplo, você pensa em um plano de coisas que ele precisa fazer. Além disso, insiste em que anotem todos os telefones e endereços em caso de emergências.
Esse comportamento é um obstáculo para a independência da criança. Dessa forma, seu filho vai sempre colocar você em primeiro lugar e não vai conseguir decidir sozinho o que quer fazer. Além disso, não vai aprender a se responsabilizar pelos seus atos.
5. “Quando meu filho está triste, me sinto culpada e responsável”
Ao fazer isso, você esquece a sua vida. Isso causa estresse, irritação e falta de sono. Além disso, quando você faz algo bom para você e não para o seu filho, se sente culpada.
No futuro, esse tipo de mãe protege o filho dos pensamentos tristes e demonstra simpatia excessiva quando as coisas não dão certo. Para a formação de uma personalidade saudável, é importante que as crianças entendam como as emoções e os sentimentos são complexos e que é preciso enfrentar aspectos negativos deles.
6. “Se meu filho quer escalar com os amigos, eu não deixo”
Qualquer novo esporte deixa você completamente em estado de alerta. É muito provável que você nunca tenha deixado o seu filho ir no balanço, com medo de que fosse perigoso. O desejo de que a vida seja previsível leva à ideia errada de que o mundo está cheio de perigos. É impossível prever o futuro. O melhor é deixar o filho experimentar os sucessos e os fracassos.
7. “Se meu filho quer trabalhar nas férias, eu mesma encontrarei um trabalho adequado”
Na tentativa de proteger o seu filho adolescente de empregadores sem escrúpulos, você decide encontrar o trabalho ideal para ele, sempre lutando para que não tenha preocupações. Nesse caso, os desejos do seu filho não são levados em consideração, nem a capacidade dele de tomar decisões sozinho. Ele precisa aprender a encontrar a melhor opção, e avaliar os riscos de cada caminho. Se você sempre fizer isso para ele, a fase adulta será muito difícil.
8. “Os pais devem proteger os filhos de todos os perigos”
O dia tem uma rotina apertada e sair dela é algo que gera muito estresse. O seu filho só pode caminhar em um determinado lugar do parque e em um determinado horário. Isso causa um isolamento e faz com que ele seja uma espécie de príncipe, preso em um mundo de obrigações. Alguns pais levam esse comportamento ao extremo, beirando a histeria. É importante que o seu filho erre e aprenda a tomar decisões.
9. “Controlo tudo o que o meu filho vê, ouve e lê dos amigos”
Familiares e amigos dizem que você seria uma ótima espiã, sempre monitorando tudo o que o seu filho faz. Mas isso não é motivo para você se sentir orgulhosa. Quando uma relação tem confiança, ela fica muito mais sólida. É muito mais importante mostrar as regras corretas de comportamento para o seu filho, inclusive nas redes sociais, para que ele assuma o controle da própria vida. Isso não quer dizer abandoná-lo ou não procurar saber o que está fazendo. Mas controlar cada movimento não é, definitivamente, o mais saudável.
10. “Vou me sentir aliviada quando a minha filha voltar para casa depois da formatura”
Se a sua filha foi fazer universidade em outra cidade, o reencontro após a formatura será muito alegre, e você vai querer fazer tudo para ela. Durante algum tempo isso é normal, mas pouco a pouco você precisa deixar que ela tenha a vida dela, e aprenda a fazer tudo sozinha, para não depender a vida toda de você e aprender ser independente.
Se um ou outro tópicos combinam com você, tudo bem, isso é normal. Se você acha que se encaixa em quase tudo que foi dito, talvez devesse refletir um pouco sobre a maneira como cria os seus filhos. Eles não são tão vulneráveis quanto você imagina. Muito provavelmente, os medos de hoje se transformem em problemas psicológicos amanhã.
Não seja superprotetora e encontre um limite sensato na hora de proteger o seu filho. Deixe ele escolher os caminhos. Ele nem sempre vai acertar, mas isso é parte da vida. Afinal de contas, são erros que levam ao desenvolvimento pessoal e fazem com que as crianças se transformem em adultos maduros e seguros.